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Sua história

 

Zélio Fernandino de Moraes é o anunciador, criador e fundador da Umbanda no plano material. Por meio dele, no dia 15 de Novembro de 1908, se anunciou a criação de uma nova religião. Ele criou toda a estrutura necessária para a concretização da Umbanda, da qual é fundador por ser o primeiro umbandista e aquele que lhe deu base, estrutura e forma. Tudo isso, feito de maneira consciente, tranquila e natural.

Em 1972, a revista Gira de Umbanda publicou uma entrevista feita por Lilia Ribeiro com Zélio de Moraes e, abaixo, transcrevo uma pequena parte da entrevista para que se tenha a oportunidade de ler algumas palavras do próprio Zélio de Moraes:

 

Eu estava paralítico, desenganado pelos médicos. Certo dia, para surpresa de minha família, sentei-me na cama e disse que, no dia seguinte, estaria curado. Isso a foi a 14 de novembro de 1908. No dia 15, amanheci bom. Meus pais eram católicos, mas, diante dessa cura inexplicável, resolveram levar-me à Fede­ração Espírita de Niterói, cujo presidente era o Sr. José de Souza.

[...] iniciados os trabalhos, verifiquei que os espíritos que se apre­sentavam aos videntes como índios e pretos eram convidados a se afastar. Foi então que, impelido por uma força estranha, levantei-me outra vez e perguntei por que não se podiam manifestar esses espíritos que, embora de aspecto humilde, eram trabalhadores. Estabeleceu-se um debate e um dos videntes, tomando a palavra, indagou:

- “O irmão é um padre jesuíta. Por que fala dessa maneira e qual é o seu nome?”

Respondi, sem querer:

- “Amanhã estarei em casa deste aparelho, simbolizando a humildade e a igualdade que deve existir entre todos os irmãos, encarnados e desencarnados. E se querem um nome, que seja este: sou o Caboclo das Sete Encruzilhadas”.

Minha família ficou apavorada. No dia seguinte, verdadeira romaria formou-se na Rua Floriano Peixoto, onde eu morava, no número 30. Parentes, desconhecidos, os tios, que eram sacerdotes católicos e quase todos os membros da Federação Espírita, naturalmente em busca de uma comprovação. O Caboclo das Sete En­cruzilhadas manifestou-se, dando-nos a primeira sessão de Umbanda na forma em que, daí para frente, realizaria os seus tra­balhos. Como primeira prova de sua pre­sença, através do passe, curou um para­lítico, entregando a conclusão da cura ao Preto-velho, Pai Antonio, que nesse mes­mo dia se apresentou. Estava criada a primeira Tenda de Umbanda, com o nome de Nossa Senhora da Piedade, porque assim como a imagem de Maria ampara em seus braços o Filho, seria o amparo de todos os que a ela recorressem.

 

Ali, naquele momento, Zélio de Moraes e o Caboclo das Sete Encruzilhadas definem a Umbanda como “a manifestação do espírito para a prática da caridade” e, com respeito à diversidade cultural dos espíritos que vão se manifestar, esclarece que “aprenderemos com quem sabe mais e ensinaremos a quem sabe menos e a ninguém vamos dar as costas”. Estes são os fundamentos básicos da unidade da Umbanda.

 

Assim a Umbanda se define como um trabalho espiritual e religião caritativa, na qual todos espíritos podem se manifestar. Zélio deu forma ao ritual da religião que é seguido até hoje por todos os umbandistas, com pequenas variações.

 

Embora a religião de Umbanda nasça, na prática, da incorporação do Caboclo das Sete Encruzilhadas lhe anunciando, a concretização da religião só acontece quando Zélio, junto do Caboclo e do Preto-velho, estabelecem seu ritual, seus fundamentos básicos, doutrina e liturgia. Antes de Zélio, muitos outros médiuns já incorporavam caboclos e pretos-velhos, mas ninguém havia recebido a missão de estruturar uma nova religião. Zélio deu o nome e a forma pela qual conhecemos a Umbanda e este é o mérito que lhe cabe como fundador. Um ritual que tem começo, meio e fim. Por mais que tenha pequenas diferenças e variações de um templo para o outro, em quase todos vamos encontrar um local, que pode ser chamado de Tenda, Centro, Núcleo ou Terreiro, dividido em área dos médiuns e área dos consulentes, no qual os médiuns ficam de frente para um altar. O ritual é cantado em língua portuguesa, onde suas músicas se chamam pontos cantados. É feita oração, defumação, bater cabeça (reverência ao altar), abertura ritualística dos trabalhos, louvação a Deus, aos Santos e Orixás e chamada dos espíritos guias para atender os consulentes com passe e consulta. Estas entidades, uma vez incorporadas, se utilizam de fumo, bebida, velas, flores e pontos riscados para fazerem seu trabalho espiritual e sua magia de Umbanda.

 

Durante sua vida, Zélio fundou mais Sete Tendas que seriam dirigidas pelo Caboclo das Sete Encruzilhadas, ajudou a fundar centenas de outras Tendas, foi idealizador da primeira Federação de Umbanda (União Espiritista de Umbanda do Brasil - ativa até os dias de hoje), criou o primeiro Jornal de Umbanda e organizou juridicamente seus templos e federação como um modelo a ser seguido pelos demais umbandistas.

 

A Tenda Espírita Nossa Senhora da Piedade, fundada por Zélio de Moraes, funciona até hoje. Seus trabalhos são dirigidos por sua neta, Lygia Cunha, e seu Bisneto, Leonardo Cunha. Está estabelecida em Boca do Mato, Cachoeiras de Macacu, RJ, onde sempre esteve a “Cabana de Pai Antônio”, em que Zélio trabalhou nos últimos anos de sua vida ao lado de sua esposa, Dona Isabel.

 

Não temos a pretensão de nos alongar e muito menos esgotar o assunto neste texto, mas apenas dar algumas referências a quem pretende saber mais sobre Zélio de Moraes e a História da Umbanda. Muito do que sabemos de Zélio de Moraes, se deu por meio do trabalho de Pai Ronaldo Linares, Presidente da Federação Umbandista do Grande ABC, responsável pelo Santuário Nacional da Umbanda. Somos gratos pelo carinho e atenção que recebemos sempre da família de Zélio, que mantém a Casa Mater da Umbanda, a Tenda Espírita Nossa Senhora da Piedade, sempre de portas abertas. A quem pretender conhecer mais sobre os aspectos históricos da Umbanda, recomendamos o livro “História da Umbanda”, de Alexandre Cumino, Ed. Madras. A quem pretende conhecer a TENSP, existe um perfil no Facebook com o calendário de atividades e o caminho de como chegar até ela.

 

"Aprenderemos com quem sabe mais e ensinaremos a quem sabe menos e a ninguém vamos dar as costas."

Zélio de Moraes e o Caboclo das Sete Encruzilhadas 

 

 

 

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    © 2014 por Imagens Bahia em parceria com Alexandre Cumino.

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